terça-feira, 15 de março de 2011

MOVIMENTO E VELOCIDADE DE UM GLACIAR

Quando o gelo se acumula a uma espessura suficiente para se começar a movimentar, forma-se um glaciar. À medida que o glaciar se move, o gelo deforma-se e flui lentamente vertente abaixo com o mesmo tipo de escoamento laminar (movimento ordenado das partículas, sem que haja mistura entre elas ou cruzamento entre as linhas de fluxo; é o oposto do escoamento turbulento) dos cursos de água lentos e estreitos. Ao contrário, porém, dos cursos de água, o fluxo de um glaciar é extremamente lento, de tal modo que o gelo parece permanecer no mesmo local de dia para dia. A velocidade dos glaciares aumenta se o declive da encosta ou se a espessura do gelo aumentarem. Mesmo em terras baixas, os glaciares continuam a mover-se se tiverem espessura suficiente. Mas que mecanismos permitem ao gelo deslocar-se?

Os glaciares fluem, primariamente, por dois mecanismos: fluxo plástico e deslizamento basal. No fluxo plástico, o gelo deforma-se e desliza internamente a uma escala microscópica. No deslizamento basal, o gelo desliza ao longo da base do glaciar, tal como um tijolo a deslizar por um plano inclinado.


Um outro mecanismo de movimento dos glaciares é o deslizamento basal, ou seja, o deslizamento de um glaciar ao longo da sua base. A quantidade e tipo de deslizamento basal varia, dependendo da temperatura entre o gelo e o solo em relação ao ponto de fusão do gelo. Na base do glaciar, o gelo encontra-se sob uma tremenda pressão devido ao peso do gelo sobrejacente. Uma vez que o ponto de fusão do gelo decresce com o aumento da pressão, o gelo na base do glaciar pode fundir-se, criando um filme lubrificante sob a forma de água de degelo. A água de degelo pode formar-se mesmo a temperaturas inferiores ao ponto de congelação da água à superfície. O mesmo efeito torna a patinagem no gelo possível. O degelo na base do glaciar forma um filme lubrificante de água sobre o qual o glaciar desliza.








As partes superiores dos glaciares possuem pouca pressão sobre elas. A estas baixas pressões, o gelo comporta-se como um sólido rígido e quebradiço, fracturando-se à medida que é arrastado pelo fluxo plástico do gelo subjacente. Estas fendas transversais à corrente de gelo, denominadas crevasses, quebram a superfície do gelo em muitos blocos pequenos e grandes – chamados séracs – em locais onde a deformação do glaciar é maior, como nos verrous – desnivelamentos pronunciados do relevo do fundo do vale – nas paredes e nas curvas do vale. O movimento da superfície de gelo quebrado nestes locais é um “fluxo” resultante do deslizamento entre os blocos irregulares, tal como acontece com os cristais individuais de gelo mas numa escala muito maior.


Uma vaga, um período súbito de movimento rápido de um glaciar de vale, ocorre, por vezes, após um longo período de relativa imobilidade. As vagas podem durar mais de dois ou três anos e, durante esse tempo, o gelo pode acelerar mais de 6 Km por ano (cerca de 0.1903 mm/s), mil vezes mais que a velocidade normal de um glaciar. Apesar de o mecanismo das vagas não ser completamente percebido, parece que elas se seguem a uma acumulação de pressão da água de degelo nos túneis situados na ou perto da base. Esta água pressurizada desenvolve grandemente o deslizamento basal.




1 comentário:

  1. Sugestão: podiam meter algumas imagens para complementar o texto! Mas muito bem :)

    Filipa e Catarina

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